A planta do mal

segunda-feira, 6 de abril de 2009


Uma das ervas mais presentes como tempero básico, é cultivada há mais de trezentos anos. Mas, na idade das trevas (Idade Média), a crendice popular atribuía uma ligação da planta às forças do mal. OK: trevas + mal = superstição. Se dizia que suas sementes demoravam a germinar porque "iam ao diabo e voltavam sete vezes" antes de começar a crescer. Também se acreditava que devido ao suposto poder maléfico, suas raízes e folhas podiam ser usadas em rituais de magia para destruir o inimigo.


Quanta lenda! Os causos, ditados e crendices relacionados às plantas são tantos que daria para compor uma enciclopédia inteira somente com a flora usada na alimentação humana. O fato é que a salsa (Petroselinum sativum e Petroselinum crispum) é uma das ervas aromáticas mais usadas na gastronomia mundial. O par constante é a cebolinha, com quem forma o precioso 'cheiro-verde'.

Da salsa se aproveitam talos e folhas para dar um toque de sabor em peixes, frutos do mar, carnes, aves, legumes, ovos, sopas, molhos, massas e, devido ao formato e graciosidade da folha, sempre vai bem na finalização de um prato, como elemento decorativo.


Se a Idade Média criou histórias pavorosas sobre a salsinha, a mitologia grecoromana a restituiu aos canteiros nobres da horta: uma outra lenda registra que Hércules, ao vencer o leão da Numídia (um dos 12 trabalhos), foi coroado com folha de salsa num tributo à fama e à alegria.

 A partir disso, os jogos numídios passaram a destacar os vencedores com a salsa. Para os egípcios, a salsa era remédio para o estômago e distúrbios de urina. Os romanos acreditam que a salsa evitava a intoxicação - fato comprovado cientificamente - e a usavam para purificar o ar rarefeito de álcool.


Popularmente, a salsa é chamada de salsinha, salsa-de-cheiro ou salsa-das-hortas. São duas as espécies mais comuns: a lisa e a crespa. A salsa tanto acompanha os pratos na forma natural, picada, quanto em produções quentes, cozidas, assadas ou fritas. Eu, definitivamente, não passo sem e, inclusive, já tive algumas mudas dentro de casa. Dado o claustrofóbico espaço que ocupo, entre a planta e eu, me decidi por mim mesmo. Mas a salsa tem presença constante nas minhas panelas.

Comments

No response to “A planta do mal”
Post a Comment | Postar comentários (Atom)