Hoje de manhã, feriado de Tiradentes, eu estava acordado ainda e, ao zapear pela TV, parei no programa da Ana Maria Braga. OK, eu assisto, de vez em quando. #prontofalei! E adoro a 'casa' dela, no meio daquele verde todo, com aquela cozinha que faz a cabeça (ou o chapéu) de qualquer chef, com panelas francesas, fogões industriais e todos aqueles ingredientes fresquinhos e bonitos que somente uma boa produção consegue obter.
E na manhã desta feriado, Ana Maria, que é formada em zoologia, apresentou pratos feitos com rãs comestíveis. Uma meia dúzia de pratos. Uma delícia! Eu gosto de rãs desde que, no interior, descia o Rio Turvo de boia, no comecinho da noite, para caçar o anfíbio. Depois, fritávamos a rã para comer com cerveja.
Aqui em São Paulo, se eu não me engano, o restaurante Moraes servia carne de rã. Olhei no site e não achei referência a essa carne. Acho que alguns restaurantes mais sofisticados devem fazê-lo.
A carne de rã, a princípio, é consumida por gourmands e por pessoas que não se intimidam com a carcaça, o aspecto ou, antes de tudo, com a imagem que tem determinado ingrediente, seja animal, vegetal ou marítimo. Eu, pelo menos, experimento antes de dizer se gosto ou não.
E a Ana Maria Braga fez exatamente esse discurso ao mostrar os girinos e fases evolutivas e, depois, consumir para o telespectador os mais diversos pratos de rã. Apenas por isso, eu já gosto dela (#prontofalei de novo).
Existem diversas espécies de rãs comestíveis. No entanto, a mais indicada para a produção comercial é a rã-touro ou rã-americana (Rana catesbeiana). Como o sobrenome diz, essa espécie é originária dos EUA e foi trazida ao Brasil em 1935, onde se adaptou perfeitamente às condições climáticas. Os ranários brasileiros produzem cerca de 500 toneladas de rã por ano, e boa parte é exportada, principalmente para os EUA e França. O comércio interno é restrito tanto pelo preconceito contra a carne do anfíbio quanto pelo preço que, para o consumidor final, chega a R$ 40 o quilo. É caro. Além dessa espécie, há uma rã nativa, a rã-pimenta (Leptodactylus labirinthicus), que tem ótimo sabor e é mais rica em proteína do que as demais rãs. Essa era a rã que caçávamos no Rio Turvo.
Para não tomar sapo por lebre, ou melhor, sapo por rã ou perereca, é bom que fique claro que apenas algumas espécies de rã são comestíveis. Embora os três animais sejam anuros, os sapos e pererecas não se prestam ao consumo.
E como comer rã? Como se come um galeto de frango ou um peixe frito na hora. A rã, inclusive, assemelha-se, no sabor, tanto ao frango quanto ao peixe. Pode ser comida frita, assada, como recheio de empadas e coxinhas, ao molho e até mesmo pode-se fazer uma moqueca de rã. É como o frango e o peixe, que podem ser usados como matéria-prima principal de um prato ou como ingrediente. Eu recomendo, de verdade. Mas não precisa sair por aí a coaxar ou macaquear para adquirir rãs. No Mercado Municipal, em São Paulo, é possível encontrá-las prontas, limpas para cozinhar.
Comments
2 Responses to “Engula rãs, e não sapos”
Post a Comment | Postar comentários (Atom)
Me lembro bem de ter comido uma rã sensacional no Pirajá, puxadinha na manteiga e limão... mas já faz um tempão!
13 de junho de 2009 às 11:54Oi Klaus, eu já fui no Pirajá e nem me dei conta da rã como prato. Mas tem um outro restaurante (que eu não conheço) que dizem que serve uma rã esperta: é o Rancho da Traíra (http://www.ranchodatraira.com.br), com unidades em SP, Mogi das Cruzes e Belo Horizonte. É raro achar carne de rã. Havia um restaurante muito bom no centro velho de SP (que eu não me recordo o nome) mas acho que, como quase todos, fechou. Abraço!
16 de junho de 2009 às 01:28Postar um comentário