Essa planta, de alguma forma, estará, para sempre, intrinsecamente relacionada à minha faculdade de gastronomia porque foi o arbusto que deu nome ao meu (nosso) Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), cuja abordagem foi extensamente desenvolvida nestes posts aqui.
Em latim, o significado é poético - orvalho do mar (rosmarinus). Mas o alecrim (Rosmarinus officinalis) vem do calcário, do duro solo mediterrâneo. Que vem a ser fruto marítimo, sim, porque, onde há calcário, um dia houve um mar que o cobriu.
Há uma grande variedade que pode ser cultivada como planta de paisagismo, para dar vida ao jardim: albus (de flores brancas), arp (de folhas verde-claro e com leve cheiro de limão), aureus (folhas com pintas amarelas), benenden blue (com folhas estreitas, de um verde-azulado-escuro), blue boy (espécie anã, de folhas pequenas), golden rain (de folhas verdes com raios amarelos), irene (de ramagem rastejante), lockwood de forest (variação rastejante da espécie Tuscan blue), ken taylor (arbustivo), majorica pink (com flores cor-de-rosa), miss jessop's upright (planta alta e ereta, como um pequeno cipestre), pinkie (com flores cor-de-rosa), prostratus (rasteira), pyramidalis (ou erectus, com flores azul-pálido), roseus (com flores cor-de-rosa), salem (com flores azul-pálido, resistente ao frio), severn sea (planta baixa, com ramos em arco e flores violeta) e tuscan blue (ereta).
Como se vê, o alecrim tem tonalidades as mais diversas e abrange um grande espectro de cores. E também de aroma. Fresco ou seco, é usado para cozinhar. Melhor fresco, como todas as ervas, hortaliças, frutas e verduras. Pode ser adicionado no preparo de aves, caça, carne de porco, salsichas, linguiças, batata, em assados de carneiro, cabrito e vitela(o), em carne de churrasco e, aqui, um registro: é recomendável espalhar ramos sobre as brasas do carvão aceso para perfumar a carne.
Aqui em São Paulo, são vários os restaurantes que servem carne de carneiro com alecrim. Mas, e sem qualquer sintoma fraterno, estou ainda para provar carneiro com alecrim melhor do que o meu irmão prepara. É único. Inconfundível. Queda bem em qualquer mesa clássica que sirva um pernil de carneiro ao alecrim.
O alecrim é uma das ervas que melhor se presta à finalização da decoração de um prato. Com folhas duras, perfeitos pequenos ramos fecham com galhardia qualquer prato. Especial para se usar com peixes, o alecrim é uma das mais eficientes plantas para aromatizar azeites e vinagres. É uma erva nobre: faz parte das Herbes de Provence (ervas de Provença), que é um arranjo da cozinha francesa que consiste em usar, junto, em ramalhete, o manjericão, o tomilho, orégano, sálvia, tomilho, louro e o alecrim. As Herbes de Provence são usadas para assados, grelhados, peixes e até mesmo salada.
Presume-se que chegou ao Brasil pelas mãos dos portugueses, quando de sua chegada na terra brasilis. De fácil adaptação, o alecrim espalhou-se por todo o País e, para coroar a integração na seara do pau Brasil, foi devidamente assimilado também pelo esotérico: o alecrim, além de pertencer ao ramalhete das Herbes de Provence, também é uma das sete ervas que, para efeito esotérico, ajuda a combater o mau olhado e as energias negativas. As demais ervas são a arruda, a guiné, a comigo-ninguém-pode, a espada de São Jorge, o manjericão e a pimenteira. Na minha opinião, o alecrim é um ingrediente que deve estar sempre à mão na cozinha. Funciona como o coringa do baralho: é funcional e se aplica em várias situações. Fundamental, vigoroso e generoso.
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