The book is under the table

sábado, 18 de abril de 2009


A gastronomia, como outras atividades culturais, suscita a filosofia. Quanto mais se cozinha, mas se associa o ato de produzir pratos à prática do pensamento e miscigenações entre cozinha e salas de filosofia. Conforme leio mais a literatura gastronômica, mais me parece apropriada a interconexão entre um exercício e outro.


É disso que trata o livro "A Cozinha do Pensamento" - Josep Muñoz Redón - Senac - 223 páginas. "A gastronomia é a arte de condimentar os alimentos para produzir felicidade", diz o autor. A felicidade, para mim, está nas faces que se iluminam ao provar da comida que eu acabei de fazer. Pode estar também no pensamento de um escritor que disse exatamente aquilo que eu precisava ler naquele momento.

No livro, Redón classifica filósofos como Bacon, Sartre, Kant, Voltaire e Sócrates em doce, salgado, ácido e amargo, não necessariamente nessa ordem. É uma associação livre, sem método científico, mas que permite supor que todos temos sabores que variam conforme a frequência na qual estamos sintonizados. E que fazem com que, ao nos misturarmos a outras pessoas, condimentamos os outros e somos condimentados, de maneira a produzir (ou não) felicidade. Somos ingredientes, enfim.

Um dos aspectos interessantes desse livro são as receitas que se encaixam conforme a estrutura filosófica abordada. E os vários enigmas sugeridos pelo autor. Para mim, soa perfeito unir comida e literatura.

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