O maná das matas brasileiras

segunda-feira, 27 de abril de 2009


No Brasil, essa árvore é encontrada principalmente nas regiões Norte e Nordeste. No mundo, aparece em regiões tropicais da África e da Ásia. Como que para se defender do alcance humano, a árvore chega a 30 metros de altura, o que torna a colheita de seus frutos uma atividade complicada. Mas nem por isso impossível. A cajazeira (Spondias mombin) produz o cajá (ou ambaló, ambaró, cajá-mirim, cajazinha, tapareba, taperebá, taperibá ou tapiriba).

E olha só uma das funções da cajazeira: fazer sombra permanente para os cacaueiros. A natureza, sábia, pode dar aulas de civilidade e de solidariedade. O cajá é muito apreciado pelo sabor da polpa e, na região da Bahia, é uma das frutas mais comercializadas.


Colhem-se os cajás de forma manual. Como a árvore é alta, um arranha-céu na mata, as pessoas têm que colher os frutos da maneira mais arcaica possível: esperar que os cajás, literalmente, caiam do céu. Pode se dizer que o cajá é uma variante do maná. O período de safra varia - de maio a junho na Paraíba; de fevereiro a maio na Bahia; de agosto a dezembro no Pará; e de janeiro a maio no Ceará.


Como no Brasil não há exatamente uma política de plantio e distribuição das frutas típicas, ao cajá está relegado um comércio bastante precário: venda em feiras livres e às margens das rodovias próximas das matas que o produzem. Claro, há indústrias de processamento de polpa. Mas, tente procurar cajá em supermercados em São Paulo e duvido que você os encontre assim tão facilmente.


Tanto o sabor quanto o aroma do cajá são bastante apreciados. Da polpa, aproveita-se mais de 60%, o que gera um uso bastante amplo da fruta na fabricação de suco, néctares, sorvetes, geleias, vinhos e licores. Por ser bastante ácido, não se consome, usualmente, o cajá ao natural. Por conta de vários fatores, a começar da irregularidade da colheita, a produção dos derivados de cajá não é suficiente para prover nem o mercado consumidor do Norte e do Nordeste. Claro, isso se explica pela precariedade com que se trabalha com a árvore.


Como há que se esperar que o cajá/maná caia do céu/da árvore, no processo de queda muitos cajás são danificados. Esses frutos perdem líquido e entram em processo de fermentação. Para evitar danos maiores, costuma se fazer a (proto)colheita do cajá duas vezes ao dia. Por esses e outros motivos, apenas 30% da produção total são aproveitados para consumo humano. É, como tantos outros, mais um desperdício típico brasileiro. Aliás, se tem algo que é bastante terreiroir é justamente o desperdício.

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