Garapa

sábado, 1 de novembro de 2008


Direto de Ribeirão Preto (SP) - Aproveito que estou numa das cidades brasileiras que é sede de uma das maiores regiões produtoras de cana-de-açúcar para comentar sobre um dos produtos da cana: a garapa. Segundo Silvio Romero, a palavra garapa é de origem africana e significa bebida. Para Teodoro Sampaio, tupinólogo (estudioso do tupi), o termo é indígena, corruptela de guarapa, e de guarab, que significa bebida adoçada com mel ou açúcar para refresco.


Finalmente, para o autor Câmara Cascudo, garapa é "espuma fria decorrente da primeira fervura do caldo-de-açúcar". Há ainda outra definição para garapa: bombo ou chibombo, espécie de cerveja africana produzida a partir da fermentação do milho. Quando os holandeses dominavam Olinda, Pernambuco (1630-1654), havia o imposto da garapa, cobrado de todos os que produziam e comercializavam o produto.


A garapa, ou o caldo-de-cana, é consumida pura ou com limão. Em São Paulo, quase sempre está associada, na feira livre, aos pastéis. Come-se pastéis e bebe-se garapa. A produção é, basicamente, manual: uma pequena moenda na qual se inserem as canas e, pronto, o caldo sai do outro lado. Quando eu morava na zona rural, havia um vizinho que tinha essa pequena moenda e que, a qualquer hora, fazia garapa, já que ao lado havia um canavial. Há aqueles que gostam do melado, que é a garapa cozida. Fazíamos melado em grandes tachos no interior.


O uso de garapa em produções gastronômicas é pouco difundido. Como ingrediente, a garapa tende a adicionar doce nas produções e também cor (esverdeado). Como açúcar, a garapa pode influenciar bastante o prato e pode também ser misturada com açúcar mascavo, cristal e outros líquidos. A garapa pode ser usada na preparação de bolos, pães, pudins e em vitaminas de frutas. Mas, para o meu gosto, a melhor aplicação é a da combinação com pastéis. Bem gelada e com gotas de limão, a garapa é verdadeiramente revigorante, especialmente nas manhãs das feiras livres.