Caipira, do terreiro para o mundo

quarta-feira, 12 de novembro de 2008


A caipirinha é o nosso grande, global e famoso coquetel internacional. É a bebida brasileira mais conhecida em todo o mundo. E é a coisa mais fácil de se fazer: limão (que pode ser o rosa, o Tahiti ou qualquer outro que esteja à mão), cachaça/pinga, açúcar e gelo.


O melhor preparo é o individual: um copo por vez. De forma que cada caipirinha tem um toque especial, que não segue um padrão exato. Variam-se a quantidade de limão, a pinga, o gelo e o açúcar. Mas, o sabor é inconfundível.

O drink nacional por excelência é servido em copos baixos e largos com palitos de madeira, na forma mais tradicional. Mais recentemente, serve-se a caipirinha com dois pequenos canudos ou com um misturador.


A caipirinha autêntica é apenas a feita com limão e cachaça. As demais são derivações da típica caipirice brasileira. Alguns fabricantes internacionais, bêbados de tanta cobiçam, correram para registrar nomes e processos - a caipiroska, feita com vodca ao invés da pinga, é marca registrada da Smirnoff; e o nome 'caipiríssima' foi registrado pela Bacardi.

Os que esses fabricantes não registrarão, nunca, é a maneira caipira como se faz e se bebe caipirinha, de uma forma que somente nós, brasileiros, sabemos fazer. Não adianta engarrafar a caipirinha. Ninguém compra! Duvido que a Smirnoff ou a Bacardi tenham registrado o conceito de "Redneck" que designa os caipiras norte-americanos e a este blogueiro que vos escreve.


As variáveis da caipirinha são intermináveis. As há de saquê, imagine! De rum, com açúcar mascavo e com adoçante, que abuso! Quiseram inventar até mesmo o caipivinho, feito de vinho. Quanta imaginação em mentes alcoolizadas!

Mas, o bebedor separa o joio do trigo, quer dizer, a capirinha das "moderninhas": as feitas com outras frutas são batidas, e não caipirinhas, a despeito da indústria, bares e restaurantes insistirem no rótulo popular de caipirinha.


No Sul, a caipirinha tem outro apelido: Chimboca. E há uma lei que descreve a caipirinha: "Caipirinha é a bebida típica brasileira, com graduação alcóolica de 15% a 36% em volume, a 20 ºC, obtida exclusivamente com cachaça, acrescida de limão e açúcar", reza o parágrafo 4 do Decreto 4.851, de 2003.

A origem da caipirinha não tem um registro histórico preciso. Uma das explicações possíveis esclarece que os escravos animavam suas festas com cachaça no século XIX e, num dado momento, começaram a acrescentar sucos de frutas à pinga. E um dos sucos usados era o de limão. Também tomava-se pinga com mel e limão para combater uma série de doenças, segunda a crença tipicamente rural do século XIX, XX e deste também, creio.


Da mistura de pinga com limão, chegou-se, em algum momento criativo ou alcoólico, ao coquetel de pinga com pedaços de limão. Adicionou-se o açúcar, em substituição ao mel, e, com a tecnologia para fazer gelo dominada, chegou-se à refrescante caipirinha.

Embora não se tenha certeza, o nome "caipirinha" pode ter vindo do termo caipira, que significa habitante do campo. Por sua vez, caipira decorre do tupi caipora ou curupira. Mas, isso não importa, não é? A caipirinha é tão urbana quanto eu e você, na cidade, no interior, na praia ou no campo. Afinal, somos todos uns caipiras, bem pra lá do fim do mundo.

Comments

4 Responses to “Caipira, do terreiro para o mundo”
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Não sou entendedora de drinks, mas a caipirinha é realmente uma bebida nacional que tanto agrada os gringos e também, brasileiros. O problema é quando o pessoal passa do limite achando que 4 ou 5 copinhos não faz muito efeito e depois acaba pagando "mico" com o resultado da bebedeira.

Se for beber, não dirija!

Adorei o blog!

Bjs

12 de novembro de 2008 às 18:20
Anônimo disse...

Olá:

Aqui, por Portugal, a caipirinha também é rainha de muitas noites, diferindo somente no formato do gelo que é picado. As outras variações bebem-se, mas nada chega aos pés da original. Assim, viva à caiprinha!

Ana

12 de novembro de 2008 às 21:22
Redneck disse...

Ana Lúcia, obrigado pela visita. Quanto aos micos, os há de montão. Ás vezes, são verdadeiros gorilas, de fato. Volte sempre que quiser, desde que, se beber, não venha dirigindo. Beijo!

Ana, viva a caipirinha, com efeito. Quem sabe brindaremos aqui ou acolá um dia. Posso levar os ingredientes e fazer a legítima ou você pode atravessar o Atlântico e beber em solo brasilis. Veja o post do Bolinho de Chuva, atualizado por você. Beijo!

13 de novembro de 2008 às 01:22
Anônimo disse...

Bem, isso seria divinal! Obrigada pelo convite.

Um beijinho

Ana

13 de novembro de 2008 às 23:50