Escondidinho

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Se você pudesse esconder no seu próprio recheio um novo sabor e surpreender as pessoas, certamente o faria, não? A cada descoberta, um gritinho de prazer e lábios indubitavelmente belicosos o(a) beijariam, pois não?


Uma colherada, uma pequena nuvem de vapor, uma camada tenra feito a mais fofa das massas e a surpresa, enfim: o recheio. Por fora, um invólucro durinho, feito uma casca de ovo. Por dentro, cheio de recheio.

É perfeitamente humano querer dar ao outro o melhor da seiva, apenas a essência. Tirar a casca e se entregar, sem reservas.


Calma! Parece um prelúdio de um filme pornô, não é? Mas, trata-se apenas do Escondidinho, prato relegado em si mesmo, cheio de segredinhos prontos para sair da caixa de Pandora, levemente lacrada.

O Escondidinho é o amor-perfeito perfeito: a cada colherada, uma surpresa. E boa! Um cheiro, um dengo e, enfim, o encontro. O Escondidinho é um prato bastante popular nos botequins mais ou menos requintados. Originário da África, encontrou raízes tão fortes quanto a macaxeira (mandioca) de que é feito aqui no Brasil.


Os pernambucanos não se fizeram de rogados e, desde cedo, andam a brincar de esconde-escondidinho. É apenas um purê de mandioca (ou de macaxeira ou aipim e é bonito quando se tem tantos nomes para apenas um significado) que envolve o recheio de .....

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..... de tantas coisas: carne seca, charque, couve-manteiga, camarão, frango, abóbora, queijo, bacalhau, legumes. Acho até que cada um pode brincar de escondidinho sem medo de liberar Pandorazinhas. O Escondidinho é um vadiozinho. Não tem dono, é de domínio público. Basta amassar a mandioca, a macaxeira, o aipim e preparar o recheio. Asse, doure a casquinha. Mais um Escondidinho sai do forno. Feito pãozinho fresco de padaria.


Pode inventar à vontade. Pode fazer de mandioquinha. Misturar a massa de mandioca com creme de leite para aerar. Misturar com queijo. Qualquer queijo. Se há uma receita autêntica? Sim, a sua. Se existe, é autêntica. O Escondidinho revela mais do que esconde, afinal.

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