Vintage

domingo, 29 de março de 2009


Catupiry, em tupi-guarani, significa "excelente". De tão popular, transformou-se em sinônimo de requeijão cremoso. Mas, Catupiry não é um tipo de queijo, e sim uma marca, devidamente registrada. Daqui a dois anos, o requeijão Catupiry comemorará seu centenário. A empresa que o fabrica foi fundada em 1911, por Mário Silvestrini, imigrante italiano que aportou da Itália para a estância hidromineral de Lambari, em Minas Gerais.

O Catupiry é consumido in natura e é ingrediente de uma infinidade de receitas. Centenas de tipos de pizzas levam a palavra "catupiri" em sua composição. Mas, catupiri é o genérico do queijo cremoso e, em quase todos os casos, não tem nenhuma relação com o gosto, a textura e a suavidade do legítimo Catupiry. O catupiri genérico, algumas vezes, chega a ser feito com farinha de trigo (argh!), ao passo que o Catupiry, como todos os bons produtos, mantém segredo de sua receita. Tudo o que se sabe do Catupiry é que é um queijo processado como requeijão cremoso. E só.

Esse requeijão único brasileiro é classificado como "Marca Notória": não pode ser reproduzido, imitado ou usado indevidamente. Claro que, com a ineficiência da fiscalização brasileira, o Catupiry não escapa à pirataria e versões vulgares do produto podem ser encontradas no mercado.

No início, o Catupiry era consumido puro, com pães, torradas e como sobremesa (existe até Doce de Catupiry). Depois, começou a ser usado de forma doméstica e por chefs para compor outras receitas, como a Pizza de Catupiry. Não é difícil encontrar pratos em restaurantes - massas, peixes e aves - que levam o apêndice "Ao Catupiry".

A matriz do Catupiry fica localizada na cidade de São Paulo e existem mais quatro unidades em todo o Brasil, com 1.500 produtores de leite exclusivos que fornecem o ingrediente para fazer o requeijão cremoso: são mais de 200 mil litros de leite por dia.

A técnica de fabricação do Catupiry é mantida em segredo desde 1911. Basicamente, o queijo processado é composto de leite fresco, creme de leite, fermento lácteo, massa coalhada e sal.

O tradicional formato da embalagem, que já foi de madeira e agora é de polipropileno, homenageia o terroir queijo de minas, típico do Estado mineiro e do Brasil. Se você não conhece o Catupiry e anda a experimentar catupiris genéricos, teste o legítimo: nunca mais vai querer saber dos demais, puras imitações. Eu defendo bastante os produtos legítimos porque a qualidade é impecável e o sabor é único. Senão, de que vale termos produtos desse nível em terra brasileira e não lhe darmos o devido valor?

Comments

2 Responses to “Vintage”
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Anônimo disse...

Estes posts Vintage apetecem-me sempre tanto...Só de pensar neste queijo espalhadinho numa torrada dá-me arrepios de prazer. A boa comida, a registada, com marca denominadora é sempre um pecado. Concordo contigo, depois de experimentarmos a original, todas as outras perdem em qualidade. Aqui existe o queijo da serra da estrela que também é amanteigado que é reproduzido vulgarmente por outros produtores, no entanto, nada se compara ao original. O grande problema é que, muitas das vezes, o nosso desejo não se pode sobrepor à economia doméstica e acabamos por optar pelo que é mais barato. Se pudesse, queijo da serra sempre, ou então este maravilhoso Catupiri.

um beijo enorme

Ana

30 de março de 2009 às 16:33
Redneck disse...

Ana, com isso concordo: o bom terroir sempre é o mais caro e de mais difícil acesso. O que sei é que no teu país ou no meu, sempre haverá aquele bocadinho especial de coisa boa, talhada com o rigor dos antigos e que sobrevive a despeito das modernidades desse mundo bobo. E quando a sensação, como a que descrevestes, se faz notar somente de pensar, é que, talvez, melhor seja ter a promessa do ingrediente do que tê-lo efetivamente. As melhores lembranças são as próprias lembranças, e nem sempre o ato repete com rigor a primeira vez em que nos encantamos com este ou aquele sabor. Beijo!

3 de abril de 2009 às 12:49