Muitos o classificam, de forma leiga, como legume. Mas não é. E não deveria ser mesmo: tem cara, cor e jeito de fruta. E olha só: é parente das berinjelas, das pimentas e dos pimentões.
Típico das Américas do Sul e Central, já era alimento essencial no prato das civilizações pré-colombianas. Não à toa, o nome vem do povo asteca - tomatl. Sim, é aquele que, na Itália, tem um poético nome de "pomo d'oro" - pomo de ouro.
No Peru, era cultivado pelos incas. Naquele país ainda existem tomates selvagens e variedades verdes únicas. Antes que a Europa colonizasse o Novo Continente, o Velho Mundo desconhecia o tomate (e também o milho, alguns tipos de feijão, as batatas, o abacate e o cacau). O que significa dizer que o Velho Mundo, além de nos colonizar, ainda levou daqui produtos terroir que, hoje, se confundem com a Europa (como o tomate na Itália e a batata na Inglaterra).
E outra curiosidade: os europeus o tinham, o tomate, por venenoso, e o usavam apenas como ornamento. Bobos! Somente muito tempo depois de o conhecerem, no século XIX, é que passaram a usá-lo na gastronomia. Primeiro, na Itália. Depois, França e Espanha e daí para toda a Europa cultivável.
Os tomates, para efeito de classificação, dividem-se conforme o formato e a finalidade de uso:
- Santa Cruz: de uso culinário, para saladas e molhos, tem formato oblongo;
- Caqui: um dos mais populares no Brasil, é utilizado para saladas e lanches.
- Italiano: maior uso em molhos, mas também para saladas. Formato alongado.
- Cereja: é um minitomate e, portanto, pode ser servido como aperitivo ou mesmo em saladas. Pode ser redondo ou alongado e tem várias espécies.
Tradicionalmente, o tomate é reconhecido pela cor vermelha. No entanto, há variedades naturais ou modificadas que podem ser rosadas, amarelas e alaranjadas. E há os de cor verde (não por falta de maturidade, claro), encontrados apenas no Peru.
O uso gastronômico é imenso em todo o mundo: usa-se o tomate para um sem-fim de pratos. In natura, como molho, assado, frito (lembra de "Tomates Verdes Fritos"?), em conserva, com carne, frango, pasta, peixes etc. Não há limites para a "maçã de ouro".
Aliás, a maçã ganhou fama ao figurar na Bíblia como o "fruto do pecado". Pois eu acho que o ilustrador que estava lá para contar a história para nós se enganou: era um tomate, e não uma maçã, que Eva ofereceu a Adão. Porque sim. Explico: maçãs são algo insossas e dificilmente deixam escorrer aquele suco comum ao tomate (sugo). Pois que esse suco se presta muito mais à tentação do que aquele pequeno filete que a maçã depreende ao ser mordida. Concorda?
Comments
2 Responses to “Pomo de ouro”
Post a Comment | Postar comentários (Atom)
falando sério: essa maça da biblia não representa o pecado nem da gula nem desse outro, que não considero pecado algum, de fuídos e sumos, polpas escorrentes... o pecado, que deus puniu, foi o da curiosidade pelo conhecimento, foi o querer saber, a árvore não era a do fruto luxuriante, mas a do conhecimento... curiosas também são tantas as ilações que podemos tirar, analogias a fazer... por quê confundir conhecimento com sexo? será o sexo um "pecado" do conhecimento? da ignorância? a filosofia apela ao conhecimento, não tem frutos proibidos nem deuses omnipotentes, ao contrário da religião... no racional estar preso é ser ignorante, não ser livre, na biblia o paraíso é nada saber, obedecer em troca do "paraíso". quem ousa rasgar a ordem é condenado. o inferno é fogo, ou o sol é símbolo de liberdade?... todos criamos mitos e fazemos deles formas de expressão, veiculos para espalhar "a mensagem"... mas qual é a mensagem e a quem beneficia? ... ora concluindo: associo a maça, talvez considerada insípida em seu filete, ao fruto proibido pois não atrai pela cor, vermelho brilhante do tomate, pelo sumo que engasga, MAS pela sobriedade que representa, a reflexão a que convida, o "pecado" que instiga: conhecer, procurar. além disso, é saudável: one apple a day keeps the doctor away!
28 de março de 2009 às 16:39e agora, fosse eu sexista, não esquecer que foi eva, mulher, quem primeiro ousou questionar essa proibição cujo fundamento desconhecia. num certo sentido a mulher é símbolo da tentação, pois que adão convidou morder, porém, noutra leitura, foi ela quem teve a coragem, adão só foi a reboque... eheheh
a interpretação, plural, da figura da serpente fica para outros devaneios!
A reboque ou não, fomos todos talvez traídos pelo desejo do conhecimento e aqui estamos, mais sedentos do que nunca de sumos, sucos e fluídos, nesta secura de Saara que ora é bramida pelos deuses, ora pelas gaias ciências. Reflexões, inflexões, contradições: são esses os frutos que a árvore da vida nos tem dado e, quiçá, podemos fazer com os limões uma limonada ou apenas jogar os bagos fora, por considerá-los azedos. Por outra, podemos, da acidez do tomate e da maçã, extrair apenas o essencial e ainda assim ficar na fome. Que o apetite permanece irrefreável, a gordura avança inopinadamente e as respostas entrelaçadas junto á serpente ou, por brincadeira final, não há resposta nenhuma. Nós é que somos rasteiros, não a serpente.
3 de abril de 2009 às 12:45Postar um comentário