Por isso esse terreiro acabou de ganhar uma roupagem nova. Se a forma muda, não o conteúdo. Você, caro(a) leitor(a) deste espaço, deve ter percebido que não tenho palmilhado este terreiro com a frequência com que fazem as reses quando vão e voltam da água diária até que se criem sulcos profundos na terra.
Mas, se não tenho vindo tanto à bica, e nem pretendo aqui me quedar, quebrado feito aquele vaso da lenda, isso não quer dizer que tomei meu rumo feito uma ave de arribação. Apenas diminuí a frequência por motivos outros que não cabem nesse espaço.
Assim, os posts deverão ficar mais espaçados do que eu pretendia. No entanto, a proposta inicial permanece, qual seja a de alimentar esse Manifesto Terreiroir de conteúdo de coisas da terra. Você sabe que, na medida em que pesquiso sobre os assuntos que pautam o Manifesto, vejo, cada vez mais, a ausência de informações precisas, ou nem tanto, sobre ingredientes nativos.
Por isso, muitas vezes tenho que recorrer a elementos que não são exatamente terroir. Mas, não sei se você concorda, o terroir também se faz com plantas e animais que, trazidos para o território brasileiro, aqui se adaptaram e, em alguns casos, com pequenas variações. O que, na minha opinião, já é o bastante para que eu os aproprie como legítimos terroirs.
Ou vai me dizer que depois de 200, 300 ou 400 anos de solo brasileiro dá para chamar uma laranja ou um porco de europeu ou de asiático? Acho que não. De qualquer forma, cada terra, Brasil incluso, tem uma quantidade limitada de produtos nativos.
A maior parte dos ingredientes que se encontram aqui e em outras regiões de todo o mundo são produto de intercâmbios, seja o dos ex-colonizadores portugueses, seja por meio de contrabandos ilícitos de mudas, sementes, animais e aves. Esses escambos antigos é que permitiram que a nossa riqueza gastronômica se elevasse a níveis altos. Ou, do contrário, estaríamos restritos a comer mandioca, milho e frutas silvestres.
Claro que não é simplista assim. Contudo, terroir é um conceito sob o qual cabe tanto o produto legítimo do pedaço de terra específico quanto de uma determinada espécie que, nativa ou não, tenha se destacado de forma qualitativa e, por isso, pode receber a chancela de terroir.
Convido você, leitor(a), para continuar a viajar nessa imensa planície de descobertas surpreendentes sobre a rica e multifacetada história da alimentação humana da qual somos, o Brasil, apenas um pequeno contribuinte para o todo.
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2 Responses to “Reformas no terreiro”
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Êpa! Que mudança!
15 de maio de 2009 às 10:30Já fiz o link para seu excelente blog! Agora estamos "unidos para sempre". Abraço, Micheline
Micheline, muito obrigado. Que a união floresça, pois. Seja bem-vinda, sempre. Abraço!
16 de maio de 2009 às 16:22Postar um comentário