A numerosa família das spice girls

terça-feira, 5 de maio de 2009


Chegadas as primeiras naus portuguesas, nos anos de 1500 que longe vão, já aqui os legítimos nativos da terra tinham por hábito a cultura desse condimento que, embora soe indiano e lembre vagamente associações com a famosa Companhia das Índias, estava aqui em solo brasilis, a enfeitar os roçados das tribos.


A pimenta era, pois, cultivada por índios brasileiros desde antanho. Deve-se dizer desse condimento no plural. Pimentas, porque refere a vários condimentos picantes. Variadas, de diversas famílias, com galhos metidos no meio de tantas árvores que cedo nos arvoramos em debates a definir o que é e o que deixa de ser pimenta, afinal.

Teoricamente, classificam-se como pimenta:

- As sementes da família Piperaceae, com destaque para o gênero Piper, que dá origem à pimenta-do-reino (pimenta preta em Portugal e pimenta redonda em Moçambique). Conforme a maturidade e a colheita, mais tardia ou prematura, o grão Piper (Piper nigrum) pode gerar: a pimenta-verde, a pimenta-branca ou a pimenta-do-reino.


- Da família Solanaceae vem o gênero Capsicum, com 27 espécies conhecidas. Há uma classificação estabelecida para essas variedades, a Escala de Scoville, que mede o nível de picância (ou ardor) dessas pimentas todas.


Essa escala consiste em um procedimento de diluição e prova para determinar a ardência da pimenta. As pimentas, em estado puro, são misturas a uma solução de água com açúcar. Quanto mais solução de água e açúcar for necessária para diluir uma pimenta, mais alto será o grau de calor da espécie. A escala compreende as unidades de Scoville, de forma que 1 xícara de pimenta equivale a 1 mil xícaras de água que equivale a 1 unidade na Escala de Scoville. A pimenta em estado bruto e puro (capsaicina) equivale a 15 milhões de unidades Scoville e é assim que se mede o poder da pimenta: a mexicana Habanero mede 300 mil unidades; a Red Savina Habanero mede 577 mil unidades; e a indiana Tezpur mede 877 mil unidades.


Dentre as espécies do gênero Capsicum, destacam-se o pimentão, que não é picante, a malagueta (ou piri-piri, quando em menor dimensão), a caiena (que resulta de mistura com uma determinada variedade de páprica seca), a pimenta calabresa (a popular dedo-de-moça ou, quando com frutos maiores, chifre-de-veado).


- A aroeira produz um fruto que é chamado de pimenta doce.

- A pimenta Szechuan (da espécie Zanthoxylum piperitum)

- E, finalmente, a família Myrtaceae, que produz mais variedades, entre as quais a pimenta da Jamaica (fruto da Pimenta dioica), que lembra o cravo, a canela e a noz-moscada. Pode ser encontrada também sob o nome pimenta all spice.


As pimentas acompanham praticamente qualquer prato na cozinha, inclusive doces. Basta associar o prato à variedade escolhida e pronto: tudo fico mais ardidinho, com um ardor típico. No Brasil, a gastronomia que mais gosta da pimenta é a cozinha baiana, que usa e abusa desse maravilhoso condimento.


A pimenta-do-reino reina literalmente nas casas brasileiras. Tempera saladas, carnes, peixes, molhos e até mesmo preparações de ovos. Eu costumo aspergir uma chuvinha fina de pimenta-do-reino em ovos fritos. As pimentas são consumias cruas, em conserva, secas, em pó ou em sementes moídas na hora. Tanto faz o meio. Os fins justificam os mais diversos usos.

São plantas, na maior parte, extremamente fáceis de ser cultivadas. É possível ter pequenos pés de pimenteira em casa. Ou carregar potes que duram anos. Ou moê-las na hora, fresquinhas. Ou ainda usar as processadas.


A contrário dos velhos mitos populares, a pimenta não faz mal ao organismo. Ao contrário, faz bem. Claro que, como qualquer alimento, tem que ser consumida moderadamente. Meu avô comia uma pequena pimenta malagueta todos os dias, com feijão esmagado, na hora do jantar. Eu sempre tenho algum tipo de pimenta em casa e molhos à base de pimenta e, quando estou com o capeta no corpo, consumo pimentas in natura para soltar fogo pelas ventas e por quaisquer outros poros que você pode imaginar.

Comments

2 Responses to “A numerosa família das spice girls”
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Lina Jehle disse...

Olha que aqui "tra vez" !!
Eu gosto de pimenta, principalmente umas mexicanas pra fazer comidas típicas de lá. Só q sempre ganho e as bichinha já chegam secas esturricadas, in natura nunca cheguei a ver uma, pode?!?!
Agora ganhei um tanto de pimenta e fiquei toda animada pra fazer geléia e chutney!! kakakakka Pensei q seria fácil, capaz!! Toda receita põe lá o nome da bichinha e eu ganhei um tanto mas tudo sortida,.... cheia de cores e cheiros!!
Agradeço as pimenta q me fizeram entrar na net pra pesquisar algo e encontrei esse blog, deliciosamente interessante e criativo. Vou te seguindo por aí !!
bjs, inté

21 de dezembro de 2009 às 10:06
Redneck disse...

Lina, eu adoro pimentas. De todos os tipos. In natura, por vezes, tenho dedo de moça, malagueta e uma outra redondinha que não me recordo o nome. E tudo o que faço vai pimenta do reino. Praticamente. Também gosto dessas geleias apimentadas. Eu te sigo também. Beijo!

8 de janeiro de 2010 às 00:14