The book is under the table

sábado, 2 de maio de 2009


Tenho um grande volume, há muito tempo, que destrincha de forma simples mais de 1,5 mil receitas. São quase 900 páginas sobre tudo o que põe à mesa: antepastos, aves, arroz, batidas, coquetéis, sucos, bolos, carne, chocolate, doces caseiros, docinhos, farinhas, farofas, grãos, legumes, leite e derivados, macarrão, massas, molhos, ovos, pães e biscoitos, peixes e frutos do mar, salgadinhos, sanduíches, sobremesas, sopas, cremes, caldos, sorvetes (e sorbets), tortas e verduras.


Está tudo aqui, num volume que consolida 40 anos de receitas publicadas pela revista Claudia. Tudo foi criado, desenvolvido, testado e aprovado pela Cozinha Experimental de Claudia, que é referência no Brasil.

Escrevo sobre "O Grande Livro de Receitas de Claudia" - Editora Abril - 881 páginas - 1ª. edição - São Paulo, 2000. Tenho o livro desde 2001 e lhe asseguro que, se você não souber nada além de ligar a chama do fogão, poderá fazer, apenas com o receituário extenso, verdadeiros banquetes. A edição cuja foto estampa este post é mais recente, de 2008, e tem 3.149 receitas, ou seja, mais do que o dobro da edição de que disponho.

As primeiras receitas da revista Claudia foram publicadas em 1961. Isso significa que os pratos que atravessam e carregam de peso o livro contam histórias, por meio da cozinha, de algumas gerações de cozinheiras e, mais recentemente, de cozinheiros.

É comum em todos os países que haja um tradicional livro-mestre sobre gastronomia. Isso acontece na Europa e nos EUA. Eu já li alguns desses livros-guia e garanto que é possível extrair muito da progressão histórica apenas por pequenas pistas que se encontram no emaranhado de receitas.

Porque livros são como florestas: existem trilhas, clareiras, sombras, mata cerrada, árvores e plantas que confundem e ocultam as passagens. Há que contornar e aprender a floresta, respirar no seu tempo e respeitá-la. Assim o é com o livro. Quando você entra em sintonia com a natureza, o labirinto se dissolve.

Eu gosto de pescar os pequenos peixes de livros/florestas. São iscas, talvez, para você ser içado(a). Mas, quem se importa quando a isca é generosa? Este livro me cria uma sensação de conforto, similar àquela que o calor do fogão de lenha proporcionava. Talvez porque me remeta, em algum recanto de sua frondosa floresta, a um período anterior às chamas azuladas que pouco iluminam as cozinhas de agora.

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