Doce de ar-ruzz

sábado, 13 de dezembro de 2008


Como tenho uma leitora assídua do outro lado do Atlântico, nada mais justo do que adoçar nosso contato com algo bem típico e simples, acessível aos dois países. É o arroz-doce, vindo diretamente de Portugal, e que, em algumas regiões do Brasil, é chamado de arroz-de-leite.

Na maior parte das vezes, o arroz-doce é cozido no leite. Mas, a depender do orçamento, também pode ser cozido na água. No Nordeste - arroz-de-leite - é cozido com leite e sal.

O doce, para ser mais completo, deve levar arroz, leite, açúcar, gemas, casca de limão, canela (em pedaços e em pó) e um tiquinho de sal, que é para dar equilíbrio.


Quando faço arroz-doce, costumo fazer uma semi-calda de açúcar, o que deixa o doce com aspecto de creme e com um fundo de caramelo.

Tipicamente português, o arroz-doce era usado pelas noivas portuguesas (estou certo?) que costumavam levar o prato para a casa dos convidados em uma cesta de vime, para simbolizar o convite para o casamento. A cesta era, depois, devolvida com algum presente.


Essa troca - escambo - ocorre muito no interior de São Paulo e até mesmo aqui em São Paulo é de bom tom, quando você recebe algum presente relacionado a comida, devolver o mesmo recipiente com outro alimento. Eu mesmo já fiz isso algumas vezes.

Antes, eu achava que a troca de alimentos estava restrita a algumas culturas, mas, depois, confirmei que é quase universal esse leva-e-trás de comidas. Posso soar antiquado, mas, eu gosto assim.


De qualquer forma, o arroz-doce é muito antigo e, antes mesmo de Portugal, há registros árabes do uso do arroz como ingrediente para o doce. O arroz (ar-ruzz, em árabe) chegou à Península Ibérica pelas mãos dos árabes, no século VIII. Há referências ao arroz-doce em textos árabes já em 1162 - "Tratado dos Alimentos", de Abu Marwan Zuhr (em Sevilha, Espanha). Outros manuscritos apontam a existência, no século XIII, de receitas de "Arroz com Mel". 

Comments

6 Responses to “Doce de ar-ruzz”
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Patty Diphusa disse...

AMO arroz-doce. Só não faço pque é calórico até e eu comeria uma tigela inteira.

bjs

16 de dezembro de 2008 às 16:18
Anônimo disse...

Querido Red:

Arroz doce é o doce preferido da minha mãe e a sua grande especialidade. Não há nada como o arroz dela. Fica sempre cremoso porque leva muito leite e solto. Também é assim que eu o gosto de comer. O dela não leva gemas de ovos, mas é cozido com o leite e leva a pitada de sal. Não é de todo o meu doce preferido, mas é bastante tradicional. Quanto às noivas, tens razão, aqui na minha pequena aldeia recriamos isso. Ainda hoje quando há alguma festa, especialmente festa da aldeia, se faz arroz doce. É oficialmente o doce das festas!Acho que não ligo muito porque como bastantes vezes, mas quem não conhece fica deliciado!!Quando à troca de alimentos, faço isso com os meu vizinhos. Ainda há pouco tempo a minha mãe fez marmelada e foi dá-la a minha vizinha e passado pouco tempo, na mesma taça trazia doce de abóbora!São coisas que persistem nos lugares mais pequenos e que são ao fim ao cabo uma forma de convivência saudável!

Muito obrigada pelo post!

Ana

16 de dezembro de 2008 às 17:41
Anônimo disse...

E sim, adoçaste-me a boca! Obrigada!


Ana

16 de dezembro de 2008 às 17:42
Redneck disse...

Patty, sabe aquele jantar que não houve, enfim? Então, eu não queria admitir, mas, eu havia pensado sinceramente em arroz-doce. É verdade! Era (é?) para ser de comida brasileira. Beijo, me liga!

16 de dezembro de 2008 às 23:47
Redneck disse...

Cara Ana, vejo que por mais contemporâneos que sejamos, estamos eternamente atrelados a um passado em que o mundo era a nossa aldeia, e não global, e as nossas (suas e minhas, creio) experiências restringiam-se aos nossos respectivos universos: o seu, da aldeia, de doces caseiros, de trocas com vizinhos; o meu, da zona rural, de vizinhos que trocavam sobretudo mão-de-obra, de comidas e ingredientes mais do que domésticos e, principalmente, domésticos. Sim, são coisas que persistem, senão nos dias atuais, ao menos nos nossos corações. Obrigado você pelo carinho e pelos relatos comoventes. Beijo!

16 de dezembro de 2008 às 23:49
Redneck disse...

Ana, quanto a tu, adoçaste-me a alma!

16 de dezembro de 2008 às 23:50